Essa matéria for publicada no Blog Quid Novi e eu reproduzi aqui, pois reflete exatamente a situação do metrô-DF. Gostei e recomendo a leitura. Abçs, Ambiente e Transporte.
O CAOS DA MANUTENÇÃO NO METRÔ-DF
As crises da manutenção do
Metrô-DF estão mostrando a ponta do iceberg da terceirização da manutenção do
metrô de Brasília. Em 8 de março, o trem 23 sofreu uma pane no sistema de
tração, segundo a assessoria do Metrô-DF. Os eternos porta-vozes da operação e
da manutenção do Metrô-DF, José Soares de Paiva e Fernando Sollero foram
rápidos em afirmar que foi uma pane rápida e que os passageiros quebraram as
portas e janelas desnecessariamente, pois “o trem paralisado já iria chegar à
estação”. Resta saber dos passageiros espremidos dentro dos trens por 20
minutos o que eles achavam...
A
questão de fundo é que o metrô de Brasília é um dos poucos metrôs brasileiros
que terceirizou sua manutenção. E isso se dá por um contrato milionário que é
arbitrado pelo governador Agnelo Queirós e pelo vice-governador Tadeu
Filippelli. Somente em 2011 o metrô gastou mais de 111 R$ milhões na manutenção
dos apenas 32 trens que possui. E dentro de alguns dias será publicado o
balanço anual do Metrô, mostrando um gasto com a manutenção ainda superior.
Se
formos comparar com o Metrô-Rio, que tem mais de 100 trens, que transporta mais
de 650 mil passageiros/dia e que gastou pouco mais de R$ 31 milhões, a
diferença é de quase 250% a mais contra o metrô do DF. Para comparar, o metrô
do DF transporta apenas 140 mil passageiros / dia e não tem integração
metrô-ônibus.
Se
levar em consideração que o Metrô-DF avaliou seus 32 trens em R$ 79,6 milhões,
significa que cada trem está avaliado em menos de R$ 2,5 milhões. Entretanto,
cada trem custou mais de R$ 3,4 milhões em manutenção no mesmo período. É
como um Pálio ou Gol usado custar R$ 10 mil reais e o dono gastar R$ 13,6 mil
em peças, fora a gasolina!
O que está por trás?
Em
1998, um contrato temporário assinado pelo então governador do DF pelo PT,
Cristovam Buarque, estabelecia um gasto estimado de R$ 29 milhões para que o
Metrô-DF funcionasse provisoriamente com manutenção terceirizada.
Era
véspera das eleições de 1998 e o Governo do Distrito Federal (GDF) havia
perdido muito tempo e dinheiro para concluir o metrô. Ao tomar posse, em 1995,
Cristovam paralisou as obras que tinham consumido todos os R$ 690 milhões de
seu custo inicial e ainda estavam com quase 40% incompletos.
O
antigo secretário de obras do DF, José Roberto Arruda havia torrado todo o
orçamento, sido eleito senador e deixado o DF repleto de buracos, obras
paralisadas, canteiros abandonados e um estouro nos custos previstos.
Somente
em 1997 as obras foram retomadas e começou-se a chamar os aprovados do concurso
de 1994. Houve um grande número de
desistências, pois os salários estavam defasados. Vários aprovados no concurso
do Metrô-DF haviam sido aprovados em outros concursos melhores e nem tomaram
posse.
Pressionado
pelas eleições, Cristovam e sua equipe de marketing decidiram colocar em
funcionamento o metrô de maneira precária, através de terceirização da
manutenção, até que contratassem todos os 1.600 empregados necessários e
comprassem todos os equipamentos de manutenção, estimados na época em R$ 400
milhões. Era importante fazer parecer ao eleitorado que o PT tinha resolvido o
problema do Metrô.
Só
que a maioria do eleitorado não gostou do governo Cristovam e trouxe de volta
Joaquim Roriz, que nomeou como seu secretário de obras Nelson Tadeu Filippelli.
Filippelli era casado com uma sobrinha da primeira-dama dona Weslian Roriz e
era considerado como “da família”.
Só
que ao invés de comprar os equipamentos necessários para a manutenção do metrô
e chamar os concursados, Filippelli mandou manter a terceirização da
manutenção. Com isso, o Metrô-DF já gastou mais de R$ 1,2 bilhão desde 1998 em
manutenção. Daria para comprar três vezes o equipamento de manutenção
necessário para o Metrô-DF executar a própria manutenção.
Quando
José Roberto Arruda foi eleito governador, a aliança entre Arruda e Felippelli
passou pelo Metrô e pela Terracap.
Quando
Agnelo foi eleito governador, o cargo de vice-governador de Nelson Tadeu
Filippelli ficou responsável por todas as obras e pelo transporte,
especialmente o Metrô-DF. Surpreendentemente, a terceirização da manutenção foi
mantida, os gastos anuais superam os R$ 110 milhões e os trens agora pegam fogo
e param carregados de passageiros.
E
ainda há sempre os eternos José Soares de Paiva e Fernando Sollero, que
corroboram a terceirização da manutenção, para irem à TV, às rádios e aos
jornais e afirmarem que não há nada de errado com metrô do Distrito Federal.
Balanço Anual do Metrô-DF, 2012,
ano base 2011:
Custo da Manutenção:
Valor dos Trens:
DFTV: manutenção do Metrô-DF é 250% mais cara que Metrô-Rio, que transporta
4 vezes mais passageiros: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2012/09/custo-de-manutencao-do-metro-do-df-e-250-maior-do-que-o-do-rio.html
DFTV: Trem do Metrô-DF pega fogo em Samambaia: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2012/09/video-mostra-explosoes-e-incendio-em-vagoes-do-metro-do-df.html
DFTV: Trem do Metrô de Brasília sobre pane e passageiros quebram portas
e janelas para escapar: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/03/metro-df-para-de-circular-e-usuarios-ficam-meia-hora-presos-em-vagao.html
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